Semelhança Moral?
OLE
Q. 207:
Os pais transmitem, freqüentemente, aos filhos, uma semelhança física.
Transmitem também uma semelhança moral? _Não, uma vez que têm alma ou Espírito
diferentes. O corpo procede do corpo, mas o Espírito não procede do
Espírito.
Lemos, anos atrás, artigo numa revista renomada, sobre uma pesquisa
feita com crianças filhas de doadores de sêmen, portadores de elevados índices
de inteligência, alguns mesmo, ganhadores do Prêmio Nobel. No entanto, para
frustração geral, as crianças não apresentaram
nenhuma genialidade. Interessante notar, que ao tratar
do assunto na Revista Espírita de julho de 1862, Allan Kardec responde a uma
indagação feita por um leitor, que envia suas dúvidas sobre o assunto, dizendo
que em alguns casos conhecidos, famílias inteiras apresentam propensão ou dons
comuns. Vejamos
a resposta: “Tomando
por ponto de partida a existência de um princípio inteligente fora da matéria,
de outro modo dito, a existência da alma, a questão é saber se as almas
procedem das almas, ou se elas são independentes. Cremos já ter demonstrado, em
outro artigo sobre os Espíritos e o
brasão, publicado no número do mês de março último, as impossibilidades
que existem para a criação da alma pela alma; com efeito, se a alma da criança
fosse uma parte da do pai, ela deveria sempre dele ter as qualidades e as
imperfeições, em virtude do axioma de que a parte é da mesma natureza
do todo; ora, e experiência prova ao contrário
cada dia. Citam-se, é verdade, exemplos de semelhanças morais e intelectuais
que parecem devidas à hereditariedade, de onde seria preciso concluir que houve
transmissão; mas então, por que essa transmissão não ocorre sempre? Por que se
vêem, diariamente, pais essencialmente bons, terem filhos instintivamente
viciosos, e vice-versa. Uma vez
que é impossível fazer, da hereditariedade moral, uma regra geral, trata-se de
explicar, com o sistema da independência recíproca das almas, a causa das
semelhanças. Isto poderia ser quando muito uma dificuldade, mas que não
pré-julgaria nada contra a doutrina da anterioridade da alma e da pluralidade
das existências, tendo em vista que esta doutrina está provada por cem outros
fatos concludentes, e contra os quais é impossível levantar alguma objeção
séria. Deixemos falar os Espíritos que consentiram tratar a questão. Eis uma
das duas comunicações que obtivemos a este
respeito: (...) “Já repetimos, a miúdo, que as semelhanças corpóreas prendem-se a uma
questão material e fisiológica, inteiramente fora da ação espiritual, e que,
pelas aptidões e pelos gostos semelhantes, resultam não na procriação da alma
por uma alma já nascida, mas do que os Espíritos similares se atraem; daí as famílias
de heróis ou de raças de bandidos...
Assim, pois, em tese geral, as semelhanças espirituais vêm de que os
semelhantes atraem seus semelhantes, ao passo que as semelhanças corpóreas
ligam-se à procriação. Agora, é
preciso acrescentar isto: é que, muito freqüentemente, nascem nas famílias,
dignas sob todos os aspectos do respeito
de seus concidadãos, indivíduos viciosos e maus que ali são enviados para serem
a pedra de toque destes; como algumas vezes ainda aqui vêm de sua plena
vontade, na esperança de sair da rotina onde são arrastados até então, e se
aperfeiçoarem sob a influência desses meios virtuosos e morais. Ocorre o mesmo
com Espíritos já avançados moralmente, a fim de lhes mostrar o caminho que
conduz ao progresso.” (ERASTO)
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