A Morte Retorno à Vida Espiritual
Introdução
Na Introdução de "O
Livro dos Espíritos", encontramos no item n.º VI, um resumo dos principais
pontos da Doutrina Espírita.
Dentre eles, neste momento é oportuno
relembrar aqueles que estão diretamente ligados aos nosso tema:
"Os seres
materiais constituem o mundo visível ou corpóreo, e os seres imateriais, o mundo
invisível ou espírita, isto é, dos Espíritos".
"O mundo espírita é o
mundo normal, primitivo, eterno, preexistente e sobrevivente a tudo".
"O
mundo corporal é secundário; poderia deixar de existir, ou não ter jamais
existido, sem que por isso se alterasse a essência do mundo
espírita".
"Os Espíritos revestem temporariamente um invólucro material
perecível, cuja destruição pela morte lhes restituí a liberdade".
"A alma
é um Espírito encarnado, sendo o corpo apenas o seu envoltório".
"Há no
homem três coisas: 1.º, o corpo ou ser material análogo aos animais e animado
pelo mesmo princípio vital; 2.º, a alma ou ser imaterial, Espírito encarnado no
corpo; 3.º, o laço que prende a alma ao corpo, princípio intermediário entre a
matéria e o Espírito.
"Tem assim o homem duas naturezas: pelo corpo
participa da natureza dos animais, cujos instintos lhe são comuns; pela alma
participa da natureza dos Espíritos.
"O laço ou perispírito, que prende
ao corpo o Espírito, é uma espécie de envoltório semimaterial. A morte é a
destruição do envoltório mais grosseiro. O espírito conserva o segundo, que lhe
constitui um corpo etéreo, invisível para nós no estado normal, porém que pode
tornar-se acidentalmente visível e mesmo tangível, como sucede no fenômeno das
aparições.
"Deixando o corpo, a alma volve ao mundo dos Espíritos, donde
saíra, para passar por nova experiência material, após um lapso de tempo mais ou
menos longo, durante o qual permanece em estado de espírito
errante".
"Tendo o Espírito que passar por muitas encarnações, segue-se
que todos nós temos tido muitas existências e que teremos ainda outras, mais ou
menos aperfeiçoadas, quer na Terra, quer em outros mundos".
"A alma
possuía a sua individualidade antes de encarnar; conserva-a depois de se haver
separado do corpo".
Cada Revelação Divina, em seu momento próprio,
tem trazido ao mundo esclarecimento e luz.
Desta forma, a Doutrina
Espírita, a Terceira Revelação Divina aos homens, levanta os véus
intencionalmente lançados sobre certas verdades, que em períodos anteriores não
puderam ser revelados, pois faltavam condições para tal, mas que agora, face ao
progresso havido, em especial o da ciência, esta aos poucos vai corroborando e
confirmando os postulados Espíritas.
Como a evolução, no entanto é lenta
e gradual e o conhecimento dessas verdades ainda não é geral, comumente nos
deparamos com situações muito difíceis, quando estas dizem respeito à morte
física do corpo, seja em termos de entendimento, ou de aceitação consciente.
A certeza da vida futura não exclui as apreensões quanto ao desenlace e,
em muitos casos, há mesmo um temor face a ocorrência da morte orgânica.
Temor da Morte:
O Espírito Manoel Philomeno de Miranda no
Livro Temas da Vida e da Morte, psicografado por Divaldo Pereira Franco, nos
ensina que o temor da morte resulta de vários fatores, que são próprios da
natureza humana e da existência corporal.
– O primeiro fator seria
o instinto de conservação da vida, que constitui uma força preventiva contra
tudo aquilo que possa ameaçá-la. Este instinto de conservação é um elemento de
grande valor, pois ele preserva a vida. Considerando-se que o corpo está
programado para servir de instrumento ao progresso do Espírito, é através dele
que o Espírito poderá desenvolver as suas aptidões e valores, logo, a sua
preservação é muito importante.
– Outro fator seria a
predominância da natureza material, que nos Espíritos inferiores comanda as suas
inspirações. O predomínio da natureza material desenvolve o egoísmo e agravam,
tornando mais intensas, as paixões, acentuando a sensualidade, os vícios e o
apego às coisas materiais.
Nestes indivíduos imediatistas, aferrados aos
prazeres físicos, o medo da morte é maior, em face das sensações que os
escravizam à matéria, fazendo-os recear a perda dos gozos em que se
comprazem.
– Mais um fator que causa temor à morte é o conteúdo
religioso de algumas doutrinas que oferecem uma visão distorcida do que sucede á
alma após a ruptura dos laços materiais. O estabelecimento de prêmios e punições
de caráter material, nos quais as religiões do passado firmaram a estrutura da
existência espiritual. De um lado, uma felicidade estanque, monótona,
indiferente e até mesmo improdutiva, pois nesse lugar o amor não dispõe de
recursos para socorrer o enfermo, o decaído, nem a piedade para com os
infelizes. De outro lado, o medo expresso por uma justiça absurda e impiedosa
que condena eternamente aqueles que erraram, não lhes proporcionando a
oportunidade da reparação ou da redenção.
– Outro fator que
proporciona temor à morte física do corpo e o receio do aniquilamento da vida,
por falta de conhecimento, de informações corretas a respeito do futuro da alma
e daquilo que lhe está destinado.
Denota-se desta forma, que a
desinformação, o desconhecimento, as concepções erradas sobre a vida futura são
responsáveis pelo temor da morte
Em um programa de televisão,
perguntaram a Divaldo Pereira Franco como poderia definir-se claramente vida e
morte, ao que ele respondeu:
" Para nós, sob o aspecto filosófico do
Espiritismo, a morte não significa a interrupção da vida. A morte é a
interrupção do fenômeno biológico, já que a vida é uma jornada incessante,
ininterrupta, seja no corpo físico, como fora dele.
A morte, portanto,
no seu caráter tradicional, é a perda do corpo com o prosseguimento da vida,
além do túmulo..."
A Alma após a Morte -
Diante de assunto
de tão grande importância, Kardec inquiriu a Espiritualidade, e deles recebeu
esclarecimentos importantíssimos, que encontram-se no Livro dos Espíritos, na
Parte Segunda – Do Mundo Espírita ou Mundo dos Espíritos, Capítulo III – Da
volta do Espírito, extinta a Vida Corpórea, à Vida Espiritual.
149.
Que sucede à alma no instante da morte?
"Volta a ser Espírito, isto é,
volve ao mundo dos Espíritos, donde se apartara
momentaneamente."
150. A alma, após a morte, conserva a sua
individualidade?
"Sim; jamais a perde. Que seria ela, se não a
conservasse?"
a) - Como comprova a alma a sua individualidade, uma vez
que não tem mais corpo material?
"Continua a ter um fluido que lhe é
próprio, haurido na atmosfera do seu planeta, e que guarda a aparência de sua
última encarnação: seu perispírito."
b) - A alma nada leva consigo deste
mundo?
"Nada, a não ser a lembrança e o desejo de ir para um mundo
melhor, lembrança cheia de doçura ou de amargor, conforme o uso que ela fez da
vida. Quanto mais pura for, melhor compreenderá a futilidade do que deixa na
Terra."
151. Que pensar da opinião dos que dizem que após a morte a
alma retorna ao todo universal?
"O conjunto dos Espíritos não forma um
todo? Não constitui um mundo completo? Quando estás numa assembléia, és parte
integrante dela; mas, não obstante, conservas sempre a tua
individualidade."
152. Que prova podemos ter da individualidade da
alma depois da morte?
"Não tendes essa prova nas comunicações que
recebeis? Se não fôsseis cegos, veríeis; se não fôsseis surdos, ouviríeis; pois
que muito amiúde uma voz vos fala, reveladora da existência de um ser que está
fora de vós."
E, face as respostas recebidas, complementa Kardec: Os que
pensam que, pela morte, a alma reingressa no todo universal estão em erro, se
supõem que, semelhante à gota d'água que cai no Oceano, ela perde ali a sua
individualidade. Estão certos, se por todo universal entendem o conjunto dos
seres incorpóreos, conjunto de que cada alma ou Espírito é um elemento. Se as
almas se confundissem num amálgama só teriam as qualidades do conjunto, nada as
distinguiria uma das outras. Careceriam de inteligência e de qualidades pessoais
quando, ao contrário, em todas as comunicações, denotam ter consciência do seu
eu e vontade própria. A diversidade infinita que apresentam, sob todos os
aspectos, é a conseqüência mesma de constituírem individualidades diversas. Se,
após a morte, só houvesse o que se chama o grande Todo, a absorver todas as
individualidades, esse Todo seria uniforme e, então, as comunicações que se
recebessem do mundo invisível seriam idênticas. Desde que, porém, lá se nos
deparam seres bons e maus, sábios e ignorantes, felizes e desgraçados; que lá os
há de todos os caracteres: alegres e tristes, levianos e ponderados, etc.,
patente se faz que eles são seres distintos. A individualidade ainda mais
evidente se torna, quando esses seres provam a sua identidade por indicações
incontestáveis particularidades individuais verificáveis, referentes às suas
vidas terrestres, Também não pode ser posta em dúvida, quando se fazem visíveis
nas aparições. A individualidade da alma nos era ensinada em teoria, como artigo
de fé. O Espiritismo a torna manifesta e, de certo modo, material.
Separação da Alma e do corpo
154. É dolorosa a separação da alma e
do corpo?
"Não; o corpo quase sempre sofre mais durante a vida do que no
momento da morte; a alma nenhuma parte toma nisso. Os sofrimentos que algumas
vezes se experimentam no instante da morte são um gozo para o Espírito, que vê
chegar o termo do seu exílio."
Observação de Kardec: Na morte natural, a
que sobrevem pelo esgotamento dos órgãos, em conseqüência da idade, o homem
deixa a vida sem o perceber: é uma lâmpada que se apaga por falta de
óleo.
Com base nesta observação, é importante relembrar a questão n.º 68
da mesma obra, que tem como subtítulo - A Vida e a Morte
Questão 68 -
Qual a causa da morte dos seres orgânicos?
"Esgotamento dos
órgãos".
155. Como se opera a separação da alma e do
corpo?
"Rotos os laços que a retinham, ela se desprende."
a) - A
separação se dá instantaneamente por brusca transição? Haverá alguma linha de
demarcação nitidamente traçada entre a vida e a morte?
"Não; a alma se
desprende gradualmente, não se escapa como um pássaro cativo a que se restitua
subitamente a liberdade. Aqueles dois estados se tocam e confundem, de sorte que
o Espírito se solta pouco a pouco dos laços que o prendiam. Estes laços se
desatam, não se quebram."
Cumpre observar-se que no entanto, a
desencarnação não é igual para todos, há uma variação muito grande, tão grande
quanto as diferentes formas de viver adotadas pelos encarnados.
Em
estando próximo o momento da morte, alguns expressam uma calma singular enquanto
que outros, apresentam convulsões terríveis, o que leva a concluir que as
sensações apresentadas nem sempre são as mesmas.
A separação da alma é
feita de forma gradual, pois o Espírito se solta pouco a pouco dos laços que o
prendiam, de forma que as condições de encarnado ou desencarnado, no momento do
desenlace, se confundem e se tocam, sem que haja uma linha divisória entre as
duas. Alguns fatores podem influir para que o desprendimento ocorra com maior ou
menor facilidade, fatores que estão relacionados com o estado moral do homem
quando encarnado.
A afinidade entre o corpo e o perispírito é
proporcional ao apego à matéria, que atinge o seu máximo no homem cujas
preocupações dizem respeito exclusiva e unicamente à vida de gozos materiais. Ao
contrário, nas almas puras que antecipadamente se identificam com a vida
espiritual, ao apego e quase nulo.
Separação da alma e do corpo
Morte Natural por senilidade ou
doença
Mortes violentas
Morte Natural
por Senilidade ou Doença
O desprendimento opera-se gradualmente; para o
homem cuja alma se desmaterializou e cujos pensamentos se destacam das coisas
terrenas, o desprendimento quase se completa antes da morte real, isto é, ao
passo que o corpo ainda tem vida orgânica, já o Espírito penetra a vida
espiritual, apenas ligado por elo tão frágil que se rompe com a última pancada
do coração.
No homem materializado e sensual, que mais viveu do corpo do
que do Espírito, e para o qual a vida espiritual nada significa, nem sequer lhe
toca o pensamento, tudo contribui para estreitar os laços materiais, e, quando a
morte se aproxima, o desprendimento, conquanto se opere gradualmente também,
demanda contínuos esforços. As convulsões de agonia são indícios da luta do
Espírito, que ás vezes procura romper os elos resistentes, e outras se agarra ao
corpo do qual uma força irresistível o arrebata com violência, molécula por
molécula.
O desconhecimento da vida espiritual faz com que o Espírito se
apegue à vida material, estreitando os seus horizontes e resistindo com todas as
forças, conseguindo prolongar a vida, e consequentemente, sua agonia, por dias,
semanas, meses. Nestes casos, a morte não é o fim da agonia, pois a perturbação
continua e ele, sentindo que vive, sem saber definir o seu estado, sente e se
ressente da doença que pôs fim aos seus dias, permanecendo com essa impressão
indefinidamente, pois está ainda ligado à matéria através de pontos de contato
do perispírito com o corpo.
O contrário ocorre com o homem que se
espiritualizou durante a vida. Após a morte nem uma só reação o afeta. O
despertar na vida espiritual é como quem desperta de um sono tranqüilo, para
iniciar uma nova fase de sua vida.
b) Mortes violentas
Nas
mortes violentas, como nos acidentes, nenhuma desagregação há iniciado
previamente à separação do perispírito. Neste caso, o desprendimento só começa
depois da morte e seu término, não ocorre rapidamente. O Espírito fica aturdido,
não compreendendo o seu estado, permanecendo na ilusão de que vive materialmente
por um período mais ou menos longo, conforme o seu nível de
espiritualização.
Considerações de Kardec com relação a separação da
alma e do corpo:
"Durante a vida, o Espírito se acha preso ao corpo pelo
seu envoltório semimaterial ou perispírito. A morte é a destruição do corpo
somente, não a desse outro invólucro, que do corpo se separa quando cessa neste
a vida orgânica. A observação demonstra que, no instante da morte, o
desprendimento do perispírito não se completa subitamente; que, ao contrário, se
opera gradualmente e com uma lentidão muito variável conforme os indivíduos. Em
uns é bastante rápido, podendo dizer-se que o momento da morte é mais ou menos o
da libertação. Em outros, naqueles sobretudo cuja vida toda material e sensual,
o desprendimento é muito menos rápido, durando algumas vezes dias, semanas e até
meses, o que não implica existir, no corpo, a menor vitalidade, nem a
possibilidade de volver à vida, mas uma simples afinidade com o Espírito,
afinidade que guarda sempre proporção com a preponderância que, durante a vida,
o Espírito deu à matéria. É, com efeito, racional conceber-se que, quanto mais o
Espírito se haja identificado com a matéria, tanto mais penoso lhe seja
separar-se dela; ao passo que a atividade intelectual e moral, a elevação dos
pensamentos operam um começo de desprendimento, mesmo durante a vida do corpo,
de modo que, em chegando a morte, ele é quase instantâneo. Tal o resultado dos
estudos feitos em todos os indivíduos que se têm podido observar por ocasião da
morte. Essas observações ainda provam que a afinidade, persiste entre a alma e o
corpo, em certos indivíduos, é, às vezes, muito penosa, porquanto o Espírito
pode experimentar o horror da decomposição. Este caso, porém, é excepcional e
peculiar a certos gêneros de vida e a certos gêneros de morte.
Morte e Desencarnação
De um modo geral,
costuma-se empregar esses dois termos como sinônimos, porém, como já foi visto,
há uma diferença significativa entre ambos:
- A Morte é o fenômeno
biológico, término natural da etapa física, que dá início a novo estado de
transformação molecular.
- A Desencarnação é o fenômeno de libertação do
corpo físico por parte do Espírito. Ela pode ser rápida, ocorrer logo após a
morte, ou se alongar em estado de perturbação, durante um período variável de
tempo. O apego excessivo aos bens materiais, a sensualidade, os prazeres
materiais, são fatores que contribuem negativamente com o desligamento dos laços
que prendem o corpo ao Espírito.
Desta forma, vemos que, do ponto de
vista espiritual, morrer nem sempre é desencarnar, isto é libertar-se da matéria
e de suas implicações.
Complementa ainda o Livro dos
Espíritos:
156. A separação definitiva da alma e do corpo pode ocorrer
antes da cessação completa da vida orgânica?
"Na agonia, a alma, algumas
vezes, já tem deixado o corpo; nada mais há que a vida orgânica. O homem já não
tem consciência de si mesmo; entretanto, ainda lhe resta um sopro de vida
orgânica. O corpo é a máquina que o coração põe em movimento. Existe, enquanto o
coração faz circular nas veias o sangue, para o que não necessita da
alma."
No Livro O Céu e o Inferno (Quarta Obra da Codificação –
1.865), na Parte Segunda, no Capítulo referente ao Passamento, é definida a
postura do espírita com relação ao assunto:
"... O Espírita sério não se
limite a crer, porque compreende, e compreende, porque raciocina; a vida futura
é uma realidade que se desenrola incessantemente a seus olhos; uma realidade que
ele toca e vê, por assim dizer, a cada passo e de modo que a dúvida não pode
empolgá-lo, ou ter guarida em sua alma. A vida corporal, tão limitada,
amesquinha-se diante da vida espiritual, da verdadeira vida.
Que lhe
importam os incidentes da jornada se ele compreende a causa e utilidade das
vicissitudes humanas, quando suportadas com resignação? A alma eleva-se-lhe nas
relações com o mundo visível; os laços fluídicos que o ligam à matéria
enfraquecem-se operando-se por antecipação um desprendimento parcial que
facilita a passagem para a outra vida. A perturbação conseqüente à transição
pouco perdura, porque, uma vez franqueado o passo, para logo se reconhece, nada
estranhando, antes compreendendo, a sua nova situação".
Perturbação Espiritual
Encontramos em O Livros dos Espíritos a
questão 163, que se refere à consciência da alma após deixar o corpo
físico.
163. A alma tem consciência de si mesma imediatamente depois de
deixar o corpo?
"Imediatamente não é bem o termo. A alma passa algum
tempo em estado de perturbação."
Por ocasião da morte, tudo, a princípio,
é confuso. De algum tempo precisa a alma para entrar no conhecimento de si
mesma. Ela se acha como que aturdida, no estado de uma pessoa que despertou de
profundo sono e procura orientar-se sobre a sua situação. A lucidez das idéias e
a memória do passado lhe voltam, à medida que se apaga a influência da matéria
que ela acaba de abandonar, e à medida que se dissipa a espécie de névoa que lhe
obscurece os pensamentos.
Na seqüência, é indagado à espiritualidade a
respeito do grau e da duração da perturbação.
164. A perturbação que se
segue à separação da alma e do corpo é do mesmo grau e da mesma duração para
todos os Espíritos?
"Não; depende da elevação de cada um. Aquele que já
está purificado, se reconhece quase imediatamente, pois que se libertou da
matéria antes que cessasse a vida do corpo, enquanto que o homem carnal, aquele
cuja consciência ainda não está pura, guarda por muito mais tempo a impressão da
matéria."
Muito variável é o tempo que dura a perturbação que se segue à
morte. Pode ser de algumas horas, como também de muitos meses e até de muitos
anos. Aqueles que, desde quando ainda viviam na Terra, se identificaram com o
estado futuro que os aguardava, são os em quem menos longa ela é, porque esses
compreendem imediatamente a posição em que se encontram.
No Livro "O
Céu e o Inferno", no capítulo já citado, referente ao "Passamento", encontramos
também, importantes informações:
"A perturbação espiritual ocorre,
portanto, na transição da vida corporal para a espiritual ... Nesse instante a
alma experimenta um torpor que paralisa momentaneamente as suas faculdades,
neutralizando, ao menos em parte, as sensações ... A perturbação pode, pois, ser
considerada o estado normal no instante da morte, e perdurar por tempo
indeterminado, variando de algumas horas a alguns anos.
O Espírito
Joanna de Ângelis (Mentora Espiritual do médium Divaldo Pereira Franco), no
Livro "No Limiar do Infinito", no Capítulo intitulado "Vida no além túmulo", nos
traz informações preciosas a respeito do assunto:
"O Processo de
desprendimento espiritual é lento ou demorado, conforme o temperamento, o
caráter moral e as aquisições espirituais de cada ser.
Não ocorrem duas
encarnações que sejam iguais.
Cada um desperta ou se demora na
perturbação, consoante as características próprias de sua
personalidade.
Nesse particular, o comportamento religioso exerce uma
fundamental importância. Aqueles que se fixaram às idéias niilistas,
materialistas, hibernam-se, não raro, como a fugir da realidade num bloqueio
inconsciente de longo porte que os atormenta em forma de pesadelos infelizes, de
que se não conseguem facilmente libertar. Tendo agasalhada a ideia do nada,
deperecem e se exaurem em agonia superlativa, sem que se permitam alívio, nas
regiões frias e temerosas a que são arrastados por natural processo de sintonia
mental, quando não acompanham, estarrecidos, a decomposição do corpo a que se
agarram, tentando restabelecer-lhe os movimentos, em luta inglória,
avassaladora...
Os que cultivam as religiões simplistas, que prometiam os
céus a golpes de facilidade e oportunismo, são surpreendidos por uma realidade
bem diversa com que não contavam ...
Os que agasalhavam idéias
esdrúxulas, fazendo-se vítimas de horrores e alucinações lamentáveis que os
desnorteiam por tempo indeterminado.
Os suicidas, graças aos atenuantes
ou agravantes que os selecionam automaticamente, descobrem em inditoso despertar
a não existência da morte ...
Os que se converteram em destruidores da
vida alheia, experimentam as aflições que infligiram e expungem, em intérmina
angústia, o acordar da consciência e a sobrecarga dos crimes perpetrados ...
Perturbação Espiritual – Análise de alguns casos específicos:
Nos casos de morte violenta, por suicídio, suplício, acidente,
apoplexia, ferimentos, etc.
A perturbação apresenta circunstâncias
especiais, de acordo com os caracteres dos indivíduos e, principalmente, com o
gênero de morte. Nestes casos citados, o Espírito fica surpreendido, espantado e
não acredita estar morto. Obstinadamente sustenta que não o está. No entanto, vê
o seu próprio corpo, reconhece que esse corpo é seu, mas não compreende que se
ache separado dele. Acerca-se das pessoas a quem estima, fala-lhes e não percebe
por que elas não o ouvem. Semelhante ilusão se prolonga até ao completo
desprendimento do perispírito. Só então o Espírito se reconhece como tal e
compreende que não pertence mais ao número dos vivos. Este fenômeno se explica
facilmente. Surpreendido de improviso pela morte, o Espírito fica atordoado com
a brusca mudança que nele se operou; considera ainda a morte como sinônimo de
destruição, de aniquilamento. Ora, porque pensa, vê, ouve, tem a sensação de não
estar morto. Mais lhe aumenta a ilusão o fato de se ver com um corpo semelhante,
na forma, ao precedente, mas cuja natureza etérea ainda não teve tempo de
estudar. Julga-o sólido e compacto como o primeiro e, quando se lhe chama a
atenção para esse ponto, admira-se de não poder palpá-lo. Esse fenômeno é
análogo ao que ocorre com alguns sonâmbulos inexperientes, que não crêem dormir.
É que têm sono por sinônimo de suspensão das faculdades. Ora, como pensam
livremente e vêem, julgam naturalmente que não dormem. Certos Espíritos revelam
essa particularidade, se bem que a morte não lhes tenha sobrevindo
inopinadamente. Todavia, sempre mais generalizada se apresenta entre os que,
embora doentes, não pensavam em morrer. Observa-se então o singular espetáculo
de um Espírito assistir ao seu próprio enterramento como se fora o de um
estranho, falando desse ato como de coisa que lhe não diz respeito, até ao
momento em que compreende a verdade.
Complementa a obra "O Céu e o
Inferno, no capítulo já citado:
"O último alento quase nunca é doloroso,
uma vez que ordinariamente ocorre em momento de inconsciência ... No entanto, na
morte violenta as sensações não são precisamente as mesmas ... Nestas condições
o desprendimento só começa depois da morte e não pode completar-se rapidamente.
O Espírito, colhido de improviso, fica como que aturdido e sente, e pensa, e
acredita-se vivo, prolongando-se esta ilusão até que compreenda o seu estado
..."
Nos casos de morte coletiva -
Nos casos de morte
coletiva, tem sido observado que todos os que perecem ao mesmo tempo nem sempre
tornam a ver-se logo. Presas da perturbação que se segue à morte, cada um vai
para seu lado, ou só se preocupa com os que lhe interessam.
Concluindo
esse capítulo, é indagado à Espiritualidade a respeito da influência que o
conhecimento da Doutrina Espírita proporciona face à perturbação após a morte
física do corpo.
165. O conhecimento do Espiritismo exerce alguma
influência sobre a duração, mais ou menos longa, da
perturbação?
"Influência muito grande, por isso que o Espírito já
antecipadamente compreendia a sua situação. Mas, a prática do bem e a
consciência pura são o que maior influência exercem."
A perturbação que
se segue à morte nada tem de penosa para o homem de bem, que se conserva calmo,
semelhante em tudo a quem acompanha as fases de um tranqüilo despertar. Para
aquele cuja consciência ainda não está pura, a perturbação é cheia de ansiedade
e de angústias, que aumentam à proporção que ele da sua situação se
compenetra.
Com relação ao assunto, conclui também, o livro "O Céu e o
Inferno":
"O estado do Espírito por ocasião da morte pode ser assim
resumido: tanto maior é o sofrimento, quanto mais lento for o desprendimento do
perispírito, a presteza deste desprendimento está na razão direta do
adiantamento moral do Espírito; para o Espírito desmaterializado, de consciência
pura, a morte é qual um sono breve, isento de agonia, e cujo despertar é
suavíssimo.
Bibliografia:
O
Livro dos Espíritos – Parte Segunda, Capítulo III – Da volta do Espírito,
extinta a vida corporal, à vida espiritual.
O Céu e o Inferno - Parte
Segunda, Capítulo referente ao Passamento.
Apostila do Estudo
Sistematizado da Doutrina Espírita, da Federação Espírita Brasileira, Programa
IV – Aspecto Filosófico.
Livro "No Limiar do Infinito" – psicografado
por Divaldo Pereira Franco, pelo Espírito Joanna de Ângelis - Capítulo "Vida no
além túmulo".
Livro Temas da Vida e da Morte, psicografado por
Divaldo Pereira Franco pelo Espírito de Manoel Philomeno de Miranda.
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