A Difícil Tarefa de Conviver com o Próximo
- Escrito por Wilson Garcia
- Publicado na União Espírita de Piracicaba
"Me ame quando eu menos mereço porque é nesta hora que eu mais preciso".
Amar nossos filhos, nossos amigos, nossos pais, ou aqueles que nos
são caros e estimados, não é tarefa das mais difíceis, principalmente
quando tudo está bem e quando estes correspondem às nossas expectativas.
Até o criminoso mais impiedoso é capaz de fazê-lo sem grande dispêndio.
Até mesmo amar em certo grau os
estranhos não é tarefa das mais difíceis. Colaborar com algumas moedas
para o pedinte no semáforo, doar algumas roupas que não nos servem mais,
ou um pouco do alimento que abunda em nossa dispensa, são atitudes
meritórias quando motivadas por razões puramente humanitárias, e neste
caso, denotam certo grau de nobreza, e alguma capacidade de amar o
próximo, desde que este próximo permaneça distante.
Difícil realmente é estender o nosso
amor para além dos limites assistencialistas da matéria, conviver em
harmonia com aqueles que nos tiram do sério, aqueles que não
correspondem às nossas expectativas, que nos menozprezam ou ainda pior,
nos ignoram. Aqueles pelos quais nutrimos uma antipatia aparentemente
inexplicável e que com os quais tampouco conseguimos frequentar os
mesmos ambientes.
Expectativas em Demasia
A compreensão de que cada indivíduo age
de acordo com sua situação evolutiva, nos oferece uma leitura bastante
clara da situação: Cada um sempre faz o melhor que pode baseado em sua
formação moral e intelectual. Baseado nas experiências que viveu, cada
um cria o seu modelo de mundo, com o qual relaciona-se com as outras
pessoas ao seu redor.
Algumas pessoas mentem pois também foram
vítimas de mentiras e para elas, este é o padrão, outros atacam por
medo ou por sentirem-se inferiores, há àqueles que traem porque também
foram traídos, enfim para todo desvio de conduta, podemos encontrar uma
razão lógica. É claro que isto não justifica o comportamento inadequado,
nem os exime de corrigí-los, somente nos mostra as razões deste
comportamento.
Não temos ideia das experiências e dos
caminhos que cada um percorreu para chegar até aqui, como podemos exigir
que alguém nos ofereça o que ainda não tem? Não devemos esperar do
próximo, mais do que ele pode nos oferecer, não é caridoso e chega a ser
cuel, esperar que alguém carregue um peso maior do que a capacidade de
suas forças.
Orgulho Ferido
Mas somos orgulhosos em demasia.
Acreditamos que merecemos um tapete vermelho num caminho decorado com
flores, e quase sempre nos ofendemos com qualquer coisa menor que isto.
Um comentário descuidado passa a ser uma ofensa lembrada por décadas.
Perdão e Ofensa
O perdão é super-valorizado, melhor do
que perdoar é não sentir-se ofendido. Se não existe a ofensa, também não
existe a necessidade de perdoar o ofensor.
Conhecimento é responsabilidade
O espírita mais que qualquer um deve
compreender estas coisas e posicionar-se de forma inteligente e racional
diante das situações de conflito.
Não devemos interpretar as reações das
pessoas ao nosso redor como ofensas pessoais, por mais que pareçam ser.
Na maior parte do tempo estas ofensas só revelam a fraqueza, o medo e a
ignorância daquele que fere. Os fracos e os temerosos devem ser
amparados e consolados e os ignorantes devem ser orientados, para que
juntos possamos caminhar em direção ao progresso.
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